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"Ninguém pode ser o dono das culpas sozinho, nem a de destruir a si mesmo. Magnólia, nisso tudo, apenas colecionava seus besouros sem preocupar-se com método e ordem, passava os dias olhando as ilustrações ou recolhendo os minúsculos cadáveres, costurando-os em panos e trapos, tules e cetins. Magnólia levava consigo o aparente e o inexistente como se fosse salvá-los da eternidade em seu colo. Os vestidos são retos e serenos, alguma coisa neles esvoaça angustiada, mas é impossível saber com precisão o que seja, mais uma dessas coisas que sabemos existir porque faltam. Um dos vestidos ela usava em noites grossas de medo e dor: cinza-claro, chumaços de cabelo envoltos em pó fazendo na saia um belo jogo de transparências. Em Magnólia a solidão virou pano."
roubei da Gabriela cravo, amor e canela que mesmo longe se faz perto.