sábado, 12 de dezembro de 2009

sem nome.

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Em vez de destruir a flor, de esmigalhá-la num furor agora já adiado, ela tem é uma vontade de agarrá-la com tal força, numa fúria total de apreensão e posse, que quase o faz, na compulsão do instante, antecipando aquela cor vivaz manchando os dedos de luxúria suave, mas, ao mesmo tempo, temendo a física ferida dos espinhos. Recoloca a flor no copo e tem ali, lado a lado, a garrafa transparente, quase como vazia, e o copo cuja líquida limpidez se tingia, de súbito, de uma sofreguidão dourada. Tudo isso era o mundo concentrado naquele ponto, sem mais apelos, a demandar sentidos. De repente, ela treme com uma febre. Do umbigo da sensação, lhe vinha algo que vibrava quente, estabanado, abrindo, involuntariamente, os poros de seu corpo, e um calor se adiantava nos músculos inertes, mas quase trêmulos em seu ardor velado, que anunciava alguma coisa que não tinha nome.

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